segunda-feira, 27 de outubro de 2008

mulher

Com licença poética
Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra.


Paulo Leminski

sábado, 21 de julho de 2007

Só poesia e imagens (porque o resto é perfumaria)

e está dado o recado. aqueles que disto gostam, regozijem-se!




"já não temo os fantasmas

invoco a todos

que venham em bando

povoar meus dias

atormentar minhas noites


entre tantos

loucos e livres

existe umque é doce

e que me falta" alice ruiz

sexta-feira, 16 de março de 2007

tudo se transforma